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Prevenir é preciso

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Bruno Tavares – Vice-Presidente da Praticagem de São Paulo

Tivemos neste final de inverno temperaturas de até 40 graus, em meio a tornados, enchentes e outros fenômenos meteorológicos. Acontece só em Santos ou no Brasil? Não. Essas anomalias estão ocorrendo no Planeta Terra e devem servir como advertência para o ser humano cuidar mais da natureza. Um aviso antes que as coisas piorem ao ponto de ameaçar nossa própria sobrevivência

 

A tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, o número de mortos e o sofrimento dos moradores trouxeram de volta lembranças tristes e preocupantes da nossa região do Litoral Norte. Em fevereiro, 64 pessoas morreram por causa de um temporal em São Sebastião e as consequências ainda se arrastam. Novas chuvas podem provocar a mesma tragédia?

A notícia de que o Governo de SP selecionou três cidades do litoral e região metropolitana para testar sistema de sirenes de alerta sobre temporais nas cidades de São Sebastião, Guarujá e Franco da Rocha no próximo verão traz esperança e uma enorme torcida para dar certo. 

 

A chuva e o vento não são os únicos culpados. Muitos bairros da cidade localizados em encostas classificados como áreas de risco apontam para a realidade de falta de moradias: pelos números oficiais, cerca de 3,5 mil famílias ainda vivem em áreas de risco em São Sebastião. No Brasil, o total é de 3,9 milhões de pessoas morando na mesma situação.

 

Lembro do recado de Carlos Nobre, climatologista aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), reforçando alerta antigo da ciência: eventos climáticos extremos estão ficando cada vez mais frequentes com o aquecimento global. Segundo ele, modelos matemáticos existentes pelo mundo não conseguem capturar recordes de chuva como o do litoral de São Paulo, mas apenas reproduzir eventos extremos das últimas décadas.

 

As injustiças ambientais escancaram o problema que nem mesmo a tão falada Inteligência Artificial conseguiu resolver, por enquanto. Mas há esperança. Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) está desenvolvendo um código de inteligência artificial para aperfeiçoar a previsão de chuvas na cidade do Rio, em parceria com a prefeitura e assistência do Google. 

 

O município fornece acesso aos dados de chuva da cidade, e os integrantes do Centro de Projetos e Inovação Impa (Centro Pi) criam o algoritmo cruzando informações de várias fontes, como pluviômetros, radar e satélite para saber com antecedência de algumas horas a intensidade da chuva e localização. Claro que não vai evitar a tragédia, mas poderá evitar mortes e reduzir os danos.

 

A Inteligência Artificial também é responsável por outra notícia de impacto para o meio ambiente que veio da ONU: cerca de 6 bilhões de toneladas de areia marinha e outros sedimentos são extraídos dos oceanos todos os anos.  Esta é a primeira vez que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente conseguiu coletar esses dados por meio de IA.

 

Mas não podemos ficar de braços cruzados à espera de inovação. Há um ponto importante e que até agora não tem sido destacado: o ensino de educação ambiental nas escolas é cada vez mais necessário. Os alunos precisam aprender temas como desastres climáticos e processo de urbanização. Dar às crianças a visão de acontecimentos socioambientais que podem transformar suas vidas e a de suas famílias.

 

Bom exemplo é o  trabalho finalista do Prêmio Tese Destaque da USP 2023 e vencedor do Prêmio Capes de Tese 2023 na categoria de Ensino, que avalia práticas educativas inscritas nas quatro primeiras edições da Campanha #AprenderParaPrevenir, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). 

 

No total, foram analisadas iniciativas de 238 escolas, a maior parte do ensino público. O trabalho vencedor de Patricia Matsuo, do Instituto de Biociências (IB) da USP, explora como a educação ambiental nas escolas pode auxiliar na prevenção de desastres socioambientais, destacando metodologias inovadoras para educação ambiental, colocando a escola em primeiro plano na formação cidadã. 

 

Por que não há um programa governamental ampliando a educação ambiental nas escolas? O caminho é longo, mas é preciso começar já! A cidadania é uma conquista para a vida toda.

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